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Opinião

A ponte da morte e o silêncio do Governo de Sergipe

A ponte do Vaza-Barris simboliza mais do que um gargalo de infraestrutura: ela representa a omissão de um governo que fecha os olhos para o sofrimento do povo


Foto: Reprodução

Por mais uma vez, o plenário da Assembleia Legislativa de Sergipe serviu de palco para uma cobrança legítima e necessária. Durante pronunciamento nesta quinta-feira (10), o deputado estadual Marcos Oliveira (PL) trouxe à tona uma pauta que, embora sensível, segue sendo tratada com omissão por parte do Governo do Estado: a negligência em torno da ponte do rio Vaza-Barris, ligação entre os municípios de Itabaiana e Lagarto, tristemente apelidada de "ponte da morte".

A alcunha não é exagero. A falta de telas de proteção tem sido fator determinante para que o local continue sendo escolhido por pessoas em situação de desespero para cometer suicídio. E o que o Governo tem feito diante disso? Promessas. Palavras ao vento. Compromissos divulgados por secretários e parlamentares aliados, que não se concretizam na prática.

Marcos Oliveira não apenas apontou a ausência de ações concretas, como revelou que destinou, via emenda parlamentar, R$ 100 mil para a instalação dos dispositivos de proteção. Ainda assim, nenhuma resposta convincente foi dada pelo Executivo estadual. O silêncio ensurdecedor do Governo revela uma desconexão entre o discurso e a realidade, uma falta de sensibilidade com a dor de famílias que perdem entes queridos em tragédias que poderiam ser evitadas.

Deputado Marcos Oliveira, do PL - Foto: Jadilson Simões/Agência de Notícias Alese

O parlamentar foi além. Criticou com firmeza o critério — ou a falta dele — na liberação de emendas parlamentares. Enquanto recursos para saúde, infraestrutura e segurança seguem travados, outros destinados a festas e eventos festivos recebem tratamento prioritário. Isso escancara uma inversão de prioridades: onde deveria haver investimento em vida, há apenas descaso.

E como se não bastasse, veio a cereja do bolo do descompromisso com o essencial. Na contramão da urgência por reformas e segurança na ponte do Vaza-Barris, o Governo do Estado liberou, sem pudor, uma emenda de quase R$ 1 milhão para bancar o cachê do artista nacional DJ Alok — um gasto absolutamente desnecessário diante das reais demandas da população sergipana. Não se trata aqui de ser contra cultura ou entretenimento, mas de entender que há momentos e contextos. Enquanto cidadãos morrem, hospitais sofrem com falta de estrutura e regiões inteiras aguardam obras, esse tipo de gasto soa como um tapa na cara do povo.

A denúncia de que emendas não impositivas oriundas da oposição têm sido sistematicamente ignoradas levanta uma questão grave: a perseguição política como instrumento de governança. O deputado citou investimentos de sua autoria para a oncologia, hospitais regionais, recuperação de rodovias e melhorias em diversas cidades do interior. Emendas que, não fossem engavetadas por um critério político-partidário, já estariam mudando a vida de muita gente.

A ponte do Vaza-Barris simboliza mais do que um gargalo de infraestrutura: ela representa a omissão de um governo que fecha os olhos para o sofrimento do povo, priorizando conveniências políticas em detrimento da dignidade humana. O parlamento tem o dever de continuar ecoando essas vozes. Mas é do Executivo que se espera ação. E essa ação, até agora, não veio.

Sergipe precisa, com urgência, rever suas prioridades. Enquanto vidas estiverem em risco e recursos forem direcionados a pirotecnias em vez de políticas públicas eficazes, a ponte continuará sendo chamada de "ponte da morte". E isso, infelizmente, diz muito mais sobre o Governo do que sobre a estrutura da ponte em si.


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