Ontem (04), o município de São Domingos viveu um dia atípico - e não apenas pela movimentação de serviços públicos promovidos pelo projeto Sergipe É Aqui, capitaneado pelo Governo do Estado. A cidade, comandada pelo prefeito Binho, foi palco de um daqueles momentos que deixam a política sergipana em estado de alerta. Enquanto o governador Fábio Mitidieri levava ações sociais, de saúde, segurança e educação para os moradores, um fato político chamou a atenção: o retorno à cena pública de André Moura, ex-deputado federal e figura de relevância estratégica no tabuleiro eleitoral de 2026.
André Moura apareceu acompanhado da filha, a deputada federal Iandra Moura, e de prefeitos e aliados do União Brasil. A reaproximação pública com o governador - depois de um longo período afastado - deixou claro que o jogo pelo Senado está oficialmente lançado. A presença de André em São Domingos, num evento liderado por Fábio Mitidieri, teve peso político considerável. É o tipo de movimento que se faz quando há algo a dizer - e André Moura disse, sem palavras, mas com gestos: ele está no jogo.
A surpresa não parou por aí. Durante o evento, Moura não poupou críticas ao senador Alessandro Vieira, atual detentor de uma das cadeiras sergipanas no Senado e já confirmado como nome do governador para a disputa da reeleição. Isso sinaliza que André não pretende apenas apoiar: ele quer disputar. O detalhe? Disputar com o aval - mesmo que ainda informal - do próprio governador.
Nesse contexto, cai por terra qualquer especulação sobre um possível retorno do PT ao núcleo do governo estadual, através do senador Rogério Carvalho. O gesto de André Moura, além de público, foi enfático. Ele assumiu posição, tomou partido, cravou bandeira e, ao que tudo indica, renovou a aliança com Mitidieri - o que automaticamente exclui Rogério do jogo governista. O PT, se quiser, terá que trilhar outro caminho.
É importante lembrar: quando duas vagas ao Senado estão em jogo, como será em 2026, a tradição política costuma apontar uma para o governo e outra para a oposição. A dúvida que se impõe agora é: entre Andre Moura e Alessandro Vieira, quem reúne mais força para ser o eleito da base governista?
Alessandro tem a visibilidade do mandato e o perfil combativo que agrada setores do eleitorado. Já André Moura tem um histórico de articulação, capilaridade política e, principalmente, o legado de recursos federais trazidos ao estado durante sua liderança no governo Michel Temer. Ninguém em Sergipe esquece o volume de investimentos viabilizados por ele. Isso pesa.
A disputa está posta, e o tabuleiro foi movimentado com habilidade por André. Com um passo calculado, ele retornou aos holofotes e embaralhou as peças. A partir de agora, cada gesto de Mitidieri e cada passo de André Moura será observado com lupa por quem acompanha os bastidores do poder. Afinal, o Senado virou campo de batalha - e a guerra já começou.