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O Convento de Santo Antônio, joia do barroco rococó brasileiro no coração do Recife, teve sua igreja principal interditada após recomendações da Defesa Civil e do Iphan. A medida foi tomada devido ao comprometimento da estrutura, identificado após uma vistoria emergencial solicitada pelo frei Edilson dos Santos, guardião do convento.
Localizado na Rua do Imperador, o convento é um ponto central do circuito cultural Recife Sagrado, atraindo cerca de 300 visitantes mensalmente. O templo abriga o maior conjunto de azulejos holandeses fora da Europa e uma cúpula de azulejos árabes no presbitério, um acervo que testemunha a riqueza da história brasileira.
A vistoria foi motivada por preocupações com a segurança, intensificadas após um episódio similar em Salvador. Frei Edilson solicitou formalmente a inspeção do Iphan e da Defesa Civil, que recomendaram a interdição imediata da nave, área destinada aos fiéis durante as celebrações. O altar também necessita de reparos, embora permaneça acessível.
"A necessidade de vistoria emergencial surgiu após o episódio em Salvador." relatou o frei Edilson dos Santos, guardião do convento.
As missas foram transferidas para a capela interna do convento, onde são realizadas às terças, sábados e domingos, garantindo a continuidade das atividades religiosas.
A Defesa Civil do Recife confirmou o comprometimento da estrutura e a necessidade urgente de recuperação por profissionais habilitados. O Iphan, responsável pela fiscalização de bens tombados, enfatizou que a Província Franciscana, proprietária do espaço, deve zelar pela sua conservação, enquanto a autarquia monitora a situação.
Um relatório do Iphan aponta que há pelo menos 16 igrejas tombadas em Pernambuco em condições ruins ou péssimas, e cerca de 100 em nível nacional. No caso do Convento de Santo Antônio, um estudo de 2018 já alertava para a deterioração do telhado, mas nenhuma intervenção significativa foi realizada desde então.
"Desde então, nenhuma grande intervenção foi realizada." afirmou o frei Edilson dos Santos.
Este caso expõe a fragilidade do patrimônio histórico brasileiro e a necessidade urgente de investimentos em conservação e restauro, para que locais como o Convento de Santo Antônio não se percam para o tempo e o descaso. É inadmissível que a burocracia e a falta de recursos continuem a colocar em risco a história e a cultura do nosso país.
A situação do Convento de Santo Antônio é um reflexo da negligência generalizada com o patrimônio histórico no Brasil. É preciso cobrar das autoridades uma postura mais firme e eficiente na proteção desses bens, que são parte fundamental da nossa identidade cultural. A história não pode ser silenciada pelo descaso.
Fonte: Portal Léo Dias