No tabuleiro político sergipano, negar a existência de tensões entre André Moura e Edvaldo Nogueira é fechar os olhos para a realidade ou permitir que paixões políticas turvem o raciocínio. A fissura nessa relação, que hoje soa quase irreconciliável, remonta a 2017. Naquele período, André, enquanto líder do governo Michel Temer, desempenhou com maestria o papel de articulador e conseguiu destinar recursos expressivos para Aracaju. No entanto, em vez de reconhecimento, recebeu a indiferença de Edvaldo, que lhe virou as costas em 2018, deixando André sem o apoio necessário em uma eleição que culminou na derrota de figuras históricas, como Jackson Barreto e Valadares Pai.
A ascensão de Rogério Carvalho e Alessandro Vieira ao Senado, dois candidatos improváveis na época, revelou a volatilidade do eleitorado e a força do chamado “segundo voto”. Alessandro, em especial, emergiu de um cenário sem base política tradicional, mostrando que as urnas podem reservar surpresas a quem subestima o poder do eleitorado. Esse episódio foi um divisor de águas no agrupamento liderado por Fábio, evidenciando falhas estratégicas que até hoje reverberam no cenário político.
Mas André Moura não é de recuar. Ao longo dos últimos anos, esperou pacientemente o momento certo para vocalizar seu descontentamento. O lançamento da candidatura de Yandra Moura à Prefeitura de Aracaju foi uma jogada estratégica: um recado direto ao governador Fábio Mitidieri e ao agrupamento que abriga Edvaldo.
Com as eleições de 2026 no horizonte, o governador Fábio Mitidieri se encontra em uma encruzilhada política. A eleição de 2024 já deixou cicatrizes profundas no agrupamento, com a inédita vitória de uma mulher na Prefeitura de Aracaju. Esse resultado, simbólico e contundente, expôs as fragilidades de um grupo que, outrora hegemônico, agora enfrenta a perspectiva real de um desmonte. A missão de Mitidieri será monumental: manter a coalizão unida enquanto lida com egos inflados e divergências estratégicas, além de blindar-se contra adversários fortalecidos, como Valmir de Francisquinho, que pode se tornar um protagonista inesperado no próximo pleito.
O embate entre André Moura e Edvaldo Nogueira transcende a esfera pessoal; é um reflexo das transformações e desafios que Sergipe enfrenta. As divergências internas e a falta de coesão no grupo situacionista podem abrir espaço para a oposição, que já ensaia movimentos para capturar o descontentamento popular. A questão que resta é: o governador conseguirá ajustar as peças antes que o tabuleiro político desabe? O tempo será o juiz, mas uma coisa é certa: 2026 promete ser um capítulo decisivo na história política de Sergipe.
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